#001 - Af, mais uma newsletter! Ou calma, alguns caminhos para a internacionalização
Uma caixa, dois palcos e a arte de circular contextos
Por que estou recebendo este e-mail?
Se você está recebendo este e-mail é porque, em algum momento, nós nos relacionamos. É bem provável que tenha sido pelo FIAC Bahia – Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia, ou a gente se encontrou no espetáculo Looping: Bahia Overdub, ou ainda em algum curso de curadoria ou planejamento de carreira.
Já faz um tempo que não escrevo uma newsletter, mas sempre gostei desse canal para compartilhar ideias. Por aqui, vou falar sobre festivais, criações e, sobretudo, modos de funcionamento do campo artístico – ou melhor, das artes cênicas.
Na minha trajetória, busco entender:
Por que um espetáculo se comunica com o público?
O que permite que ele circule pelos festivais?
Por que alguns artistas se projetam e vivem do seu trabalho enquanto outros não conseguem?
Ainda me inquieta descobrir como articular meus interesses e competências como artista, curador, pesquisador e gestor.
Quer ver? Repare – esse olhar demorado naquilo que a pressa da realização às vezes não nos permite apreciar.
Se entendeu os rumos dessa conversa e percebeu que ela não tem a ver com você, sem problemas. É só clicar no botão no rodapé e sairá da lista. Vida que segue – sem estresse, sem ressentimento. 👇
Se você leu até aqui, massa!
Vamos pensar um pouco sobre internacionalização?
Uma caixa, dois palcos e a arte de circular contextos
Há cerca de 15 anos, recebi uma caixa com DVDs de espetáculos de teatro e dança do Québec. Esse box, endereçado ao FIAC Bahia, incluía:
gravações das obras
fichas técnicas
históricos dos grupos
trajetórias dos artistas
textos sobre os processos criativos
discussões suscitadas por cada trabalho
Era mais que um material de divulgação — era uma ferramenta potente de mediação cultural.
Na época, minhas referências das artes cênicas do Canadá limitavam-se a nomes como Robert Lepage, Marie Chouinard e o Cirque du Soleil (que eu via no Fantástico!). Aquela caixa expandiu meu repertório e deixou clara uma estratégia: os materiais ofereciam não apenas os espetáculos, mas o contexto necessário para que programadores, curadores e públicos pudessem compreender, receber e fazer circular essas obras.
Essa lógica dialogava com experiências que vivi em festivais como Avignon e Edimburgo, onde casas temáticas — como a Casa da Bélgica ou da Coreia — funcionam como embaixadas artísticas, facilitando o acesso às produções de outros países em meio a milhares de atrações. Uma curadoria dentro da curadoria.
Inspirado por essas experiências, acompanhei a Mostra Bahia em Curitiba (2013) e integrei a curadoria do Kit de Difusão do Teatro da Bahia (2017/2018), realizados pela Fundação Cultural do Estado da Bahia. O objetivo era o mesmo: oferecer contexto, caminhos de acesso e estratégias de circulação.
Dois palcos cariocas, duas obras canadenses
Entre os dias 6 e 11 de maio, estive no Rio de Janeiro e visitei dois centros culturais que admiro profundamente: o SESC Copacabana e o CCBB.
No SESC, assisti As Pequenas Coisas, do canadense Daniel MacIvor – o mesmo autor de In on It e Instinto, do coletivo GOMPA de Porto Alegre.
No CCBB, vi Onde Está Cassandra?, com texto de Cassandra Calabouço e Gui Malgarizi e Idade é um Sentimento, de Haley McGee, outra autora canadense ainda pouco conhecida por aqui.
Coincidência ver duas obras canadenses inéditas na mesma semana, em dois palcos importantes do Rio? Talvez.
Mas talvez também seja o efeito de um trabalho contínuo de política cultural e diplomacia artística — como aquela velha caixa de DVDs, que ainda ressoa, anos depois, nas programações dos festivais e centros culturais do Brasil.
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Culpa da Cultura — "um papo de antropólogo, com outros antropólogos, para não antropólogos".
Um novo vício. Fascinante ver a vida por essa perspectiva.
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Uma dica, assinta Canais brasileiros absurdamente bons que (quase) ninguém conhece do Arthur Miller. Destaque para o trabalho de Marcos Reis – incrível.
🎶 Música para o fim de tarde
Sabe aquela música que te conquista de primeira?
Querer Bem chegou assim. Escuta lá e me diz se não é cremosinha.
✦ Meu curso em POA e Palco Giratório
De 26 a 30 de maio estarei em Porto Alegre para uma série de atividades de formação e apreciação junto a diversas instituições. Essa viagem começa com este curso “CURADORIA EM ARTES CÊNICAS: CONCEITOS, PRÁTICAS ARTÍSTICAS, PERSPECTIVAS DE MEDIAÇÃO E COLABORAÇÃO” pelo qual fui convidado pelo LabMultipalco, projeto da SEDAC/RS através do Ieacen, com o apoio do Sesc.
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Quero que este canal seja uma via de mão dupla — então, se tiver sugestões de temas, relatos ou provocações, manda ver: